Porque a minha empresa não cresce?

Recife, 18 de maio de 2009

Assim como o nosso maior inimigo somos nós mesmos, o grande inimigo de muitas empresas são seus próprios diretores. Muitos adotam atitudes erradas porque pensam que somente eles sabem fazer, executando atividades operacionais e deixando de agir estrategicamente.

É comum encontrarmos donos de empresa no caixa, recebendo dinheiro miúdo e passando troco por não confiarem nos funcionários. Mal têm tempo para almoçar. Muitos ainda não informatizaram suas empresas por acharem que isso é coisa só para as grandes, sendo complicado e trabalhoso para os pequenos empresários. Permanecem com os controles nas antigas fichas.

Por outro lado, esses mesmos empresários vivem se queixando das dificuldades do mercado e do concorrente que cresce mais rápido, deixando-os para trás. Geralmente alegam que o tal concorrente age de modo desleal e o seu crescimento é de forma ilícita. Pensam assim porque não têm tempo de sair das suas empresas para analisarem o mercado e observarem como trabalham os concorrentes.

O empresário arcaico ainda não se conscientizou de que não pode fazer tudo sozinho e que administrar é executar serviços através de pessoas. Portanto, tem de agir estrategicamente, ficando o operacional para as pessoas que foram contratadas para executarem suas respectivas funções.

Grande parte das empresas começa pequena e muitas permanecem pequenas no mercado por alguns anos e depois morrem também pequenas. Somente algumas crescem, tornando-se fortes e com vida longa. São as empresas onde seus donos têm visão e capacidade empreendedora, indo bem além do pensamento do pequeno empresário.

O empresário moderno e empreendedor define bem as funções hierárquicas dentro de suas empresas, onde cada um exerce o seu real papel. Sabe que o dele é agir estrategicamente, sendo a cabeça pensante da empresa. Para auxiliá-lo diretamente conta com o tático, que são seus gerentes e chefes com seus respectivos departamentos. A execução fica por conta do operacional.

Com essa definição bem clara de funções a empresa cresce, pois o estratégico se cerca de táticos e operacionais competentes e qualificados, também com cabeças pensantes, com capacidade multiplicadora de idéias. Já na empresa comum ocorre exatamente o contrário, porque o estratégico “faz tudo”, por pensar que só ele é capaz, cerca-se apenas de ajudantes baratos. Delegar tarefas, nem pensar, porque, na sua concepção, não encontram pessoas competentes para fazerem o que somente eles são capazes de executar.

Certo dia, um desses empresários, dono de um supermercado, comentou comigo que é um homem de sorte, pois trabalha com milhares de itens, sua empresa não é informatizada, compra na base do “olhômetro” e com a ajuda dos vendedores fornecedores. Não tem controle de estoque e os dois caixas ainda são operados na calculadora por ele e a esposa. Mesmo assim, sua empresa tem se mantido competitiva. Já está até pensando na automação.

Imagine quando ele realmente mudar de idéia e se modernizar! Com certeza, terá mais sorte ainda. Perceberá quanto tempo perdeu e como poderia estar em outro patamar como supermercadista.

A diferença entre as empresas está no ramo de atuação e no porte de cada uma. As grandes de hoje, que foram pequenas um dia, são administradas por pessoas que sempre pensaram grande e agem como empreendedores. Sabem que não podem perceber o mundo somente à sua maneira, mas também com a ajuda dos outros. Assim sendo, procuram ver, ouvir e sentir o mercado com os olhos, ouvidos e sentimentos dos seus colaboradores e clientes.

Por pensarem e agirem assim, os seus diretores trocam constantemente informações com clientes internos e externos, dando total liberdade para seus colaboradores expressarem suas idéias, opiniões e sugestões. São conscientes de que as informações dos colaboradores são altamente valiosas, por estarem na linha de frente e em contato direto e diário com os clientes.

Dessa forma, administram estrategicamente, com ampla visão do mercado, concorrentes e sua empresa, com o tático e operacional desempenhando suas atividades com competência, motivação e entusiasmo. E o resultado disso é notado no crescimento e perenidade da empresa.

 

Recife, 18/05/2009

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