ESTÁ TARDE PARA MUDAR
Por: Antônio Braga
Certo dia fui a uma das unidades do Detran de Recife para resolver um problema e, ao iniciar o atendimento, a funcionária comentou que presumia que eu fosse resolver algo referente à minha empresa. Perguntei a ela por que chegou a essa conclusão, já que não havia falado que tinha empresa. Respondeu-me que pensou assim pela maneira que eu estava vestido e pela minha pasta executiva. Nesse momento, tirei um cartão de visita e entreguei a ela. Ao perceber que trabalho com treinamento de vendas, disse: “O senhor deve ser capaz de vender geladeira para esquimó, não é mesmo?” Em seguida falou que o bom vendedor deve ter muita lábia para poder dobrar os clientes e, com certeza, ela não teria sucesso na profissão de vendas porque tem medo de falar. E que esse medo tem sido o seu grande limitador para o crescimento profissional.
Durante o atendimento, fez alguns comentários sobre a sua vida profissional e falou que perdeu muito tempo, pois estava marcando passo na empresa há vários anos e não via mais perspectiva de crescimento. O salário sempre ficou aquém do que gostaria! Para completar, disse que já estava com 45 anos de idade, considerando-se velha para mudar de vida! Estava acomodada e não tinha mais coragem para pensar em novos projetos! Ou seja, o seu final seria a aposentadoria mesmo!
Nos dias de hoje, com a maior expectativa de vida do brasileiro, pensar desse modo é realmente triste! Mas quantas pessoas não pensam desse mesmo jeito? Infelizmente o mercado de trabalho está cheio de gente assim! Jovem fisicamente, mas com o espírito bastante velho, roubando-lhe o entusiasmo e coragem para agir! Com isso, o trabalho passa a ser um verdadeiro fardo! O calendário e o relógio ficam sendo os grandes aliados dessas pessoas, que estão sempre de olho neles pensando no final do expediente e nos anos que faltam para a aposentadoria.
Também conheço outra pessoa que ao restar três anos para a aposentadoria, falava que tinha a impressão que os dias estavam mais longos e que esses anos seriam uma eternidade, pois já não suportava mais o seu emprego! Depois que se aposentou continuou trabalhando no mesmo lugar para ter um maior rendimento financeiro e permanecerá no emprego até o dia que for possível!
Por será que muitas pessoas perdem o entusiasmo tão cedo? Será que estão na profissão errada? É falta de objetivo de vida? Sem dúvida, o entusiasmo é a fonte de inspiração para a realização com satisfação de qualquer atividade da qual se gosta. Mas, para isso, é preciso que se tenha um objetivo definido e muita persistência para superar os obstáculos a serem enfrentados na caminhada. É aí onde está o grande problema: muita gente quer trilhar a estrada do sucesso desde que ela esteja totalmente livre, o que será impossível. Com as dificuldades, perdem a motivação e o entusiasmo, deixam de agir e entram na fase de acomodação, permanecendo assim até o dia da aposentadoria. Pessoas com essa atitude vivem cansadas e indispostas o tempo todo, pois a falta de entusiasmo transforma qualquer energia física em cansaço.
Segundo o Dr. Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia, depois de mais de 25 anos de estudo, com milhares de pessoas entrevistadas, mais de 80% da população sofrem do fenômeno que chamou de “impotência adquirida”, de algum modo ou em alto grau, a qual se manifesta através das palavras “Não Posso”. São pessoas que se sentem incapazes de alcançar suas metas ou melhorar suas vidas, pois sempre que lhes surgem oportunidades, a resposta imediata é “Não Posso”, enumerando em seguida os motivos da impossibilidade: Não posso cursar uma faculdade por falta de tempo. Não posso crescer profissionalmente. Não posso ser empresário por falta de capital. Não posso fazer atividade física por causa do trabalho, e assim por diante. Com atitudes autolimitadoras, essas pessoas deixam de agir, ficam estagnadas profissionalmente e sempre reclamando da vida.
Portanto, nunca é tarde para mudar, mas, para isso, são fundamentais: um objetivo definido, muita vontade, entusiasmo, persistência, autoconfiança e ação.
Recife, 11/08/2018