Por que os funcionários nem sempre fazem como os patrões querem?

Por que os funcionários nem sempre fazem como os patrões querem

POR QUE OS FUNCIONÁRIOS NEM SEMPRE FAZEM COMO OS PATRÕES QUEREM?

  Por: Antônio Braga

Um grande problema que vejo em muitas empresas são patrões reclamando que quando estão perto dos funcionários as coisas funcionam até bem, mas quando se ausentam, mesmo que seja por pouco tempo, o negócio desanda! Alguns chegam a dizer que nem podem adoecer! Será que a falha está somente com os funcionários? Entre os muitos casos que vejo constantemente, vou relatar dois:

CASO 1: Conheço uma empresária que sempre fala que precisa treinar a sua equipe urgentemente para que as pessoas mudem de comportamento, mas nunca o faz porque elas não querem participar de treinamentos nos finais de semana ou feriados. Sempre alegam que têm compromissos pessoais. E durante a semana de trabalho a empresa não pode parar, tem que vender. A empresária diz que quando está na loja as vendas aumentam, porque ela faz demonstração dos produtos para os clientes, fecha vendas, oferece itens adicionais, atende bem etc. Mas reconhece que não pode estar presente por muito tempo num lugar só por ter mais lojas e outras atividades.

Sempre comenta em voz alta que os funcionários são devagar, sem atitude, andam se arrastando, não atendem bem! Os funcionários, por sua vez, ouvindo isso constantemente, ficam calados, atendem os clientes sem nem ameaça de um sorriso, vendem apenas o que eles pedem, e aí a proprietária da empresa entra em cena como a vendedora “salvadora da pátria!”

CASO 2: Ministrei um treinamento para os vendedores de uma empresa familiar, onde um dos sócios tem o pensamento de que o vendedor está lá para produzir, e não para usufruir de regalias! São pagos para isso!

A empresa foi fundada por dois irmãos. Depois de alguns anos de mercado, um deles faleceu e entrou o seu filho para a sociedade. Uma de suas primeiras ações foi estabelecer uma série de regras, enquadrando os funcionários, como costuma dizer, que em sua opinião trabalhavam com muita liberdade. A reação tem sido de muita resistência! Pensou até trocar alguns vendedores, sobretudo os mais viciados, mas o outro sócio não concorda, já que antes as coisas funcionavam bem. Porém, ele acha que o sócio remanescente e o falecido pai sempre foram bonzinhos a ponta de deixar a equipe mal acostumada! Antes da sua vinda os vendedores tinham uma pequena comissão, além do salário, para incentivar as vendas, a qual foi cortada. As vendas têm diminuído dia a dia, causando preocupação aos empresários.

Em situações como essas, será que os funcionários participam de um curso de vendas com satisfação? É o curso que vai mudar o clima atual do ambiente de trabalho? Quantas empresas querem aumentar vendas exigindo mudança de comportamento e esforço apenas da equipe?

Costumo dizer que qualificar vendedores é a melhor estratégia para atender bem, vender mais e fidelizar clientes, mas, também, de nada vai adiantar mandá-los participar de treinamentos, palestras motivacionais etc., se o ambiente de trabalho for ruim. Para que haja engajamento e vestir a camisa da empresa com vontade, é fundamental que o nível de satisfação da equipe seja elevado.

Então, antes de exigir engajamento e produtividade da equipe, é preciso que o empresário, gestor, líder, esteja sempre atento ao que se passa no ambiente de trabalho, de modo a proporcionar um clima de harmonia, alegria, entusiasmo e motivação, onde as pessoas tenham satisfação de fazer mais e melhor pela empresa e clientes. Mas será que somente os funcionários precisam ser capacitados? E os patrões, por mais experientes que sejam não precisam também de reciclagem?

Na empresa em que as coisas só funcionam quando os patrões estão por perto significa que a gestão e liderança são ineficientes. Não têm as pessoas certas nos lugares certos, a começar pelo proprietário, sócio ou diretor, que não está sabendo exercer o seu papel de estratégico. Talvez esteja mais para operacional, competindo com os próprios liderados, exigindo (e não conquistando) respeito e, também, não os influenciando a fazerem entusiasticamente e com boa vontade o que deve ser feito. E nas empresas relatadas acima têm pessoas exercendo a função de gerência, mas sem autonomia, estando lá mais para abrir e fechar a loja e também vender!

Portanto, antes de o empresário vangloriar-se de ser “salvador da pátria”, é fundamental que reveja urgentemente seus conceitos de administração, gestão e liderança, de modo a não querer mudar o comportamento dos colaboradores sem antes mudar o seu próprio comportamento. Obedecer a regra: “Não podemos mudar os acontecimentos no mundo, mas podemos mudar os acontecimentos no nosso mundo”.  Agindo desse modo, com certeza as coisas melhorarão bastante e todos serão felizes para sempre no mundo da empresa, dos clientes e dos funcionários.

Recife, 28/01/2019

 

 

 

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