Quem será o seu sucessor na empresa?

QUEM SERÁ O SEU SUCESSOR NA EMPRESA?

19/2011

Por: Antonio Braga

Certa vez, assisti a um programa de televisão que abordava sobre o garimpo de ouro no Brasil. Dentre os vários ex-garimpeiros que falaram sobre seus feitos, tinha um cidadão, na faixa de 75 anos, que disse ter sido uma das pessoas que mais extraíram ouro no país. Falou que na época se considerava um homem muito rico e achava que o dinheiro nunca se acabaria, mesmo fazendo extravagâncias.

Dentre as suas gastanças, uma foi a seguinte: Estava no Rio de Janeiro e foi comprar uma passagem de avião para Belo Horizonte numa determina companhia. Chegando lá, não foi bem tratado pela recepcionista, talvez em função da maneira como estava trajado. Ficou irritado e disse que não queria mais comprar uma passagem, mas alugar um Boeing só para ele e fazia questão que a atendente fosse também para lhe servir café até o destino final. Gerou certa confusão na empresa e a verdade é que alugou um avião de porte menor para fazer a viagem.

No decorrer da entrevista, disse que reconheceu que fez muita bobagem com o dinheiro que havia acumulado com muito trabalho e suor, sendo naquele momento um homem pobre, que não podia mais comprar nem uma bicicleta. Até os amigos que ajudaram a gastar o dinheiro sumiram.

Também li na revista Liderança/VendaMais, de julho/2011, a matéria “Quem Vai Assumir o Seu Lugar”, com dados que merecem atenção sobre sucessão nas empresas. Conforme pesquisa SEBRAE, de cada 100 empresas, 30 sobrevivem à segunda geração; 13 chegam a terceira e apenas 5 chegam a quarta.

Ainda, segundo a revista, fonte DBM/ACTA, quanto menor a empresa, menor o cuidado com a sucessão. No Brasil, onde praticamente 90% das empresas são familiares, esse processo é um pouco complicado. Empresas com mais de 5 mil funcionários: 69% adotam política de sucessão; de 1.001 a 5 mil funcionários: 56% adotam política de sucessão; de 501 a mil funcionários: 39% adotam política de sucessão e até 100 funcionários: 19% adotam política de sucessão.

Não há dúvida de que são vários os motivos que levam uma empresa a não ter continuidade de geração para geração. Mas o que tem a ver a história inicial com sucessão empresarial? Acredito que muita coisa, pois existe um ditado que diz: “Dinheiro não aguenta desaforo”. E esse é o problema de muitos pequenos empresários que não aprenderam a serem empreendedores. É preciso preparo e planejamento para lidar com dinheiro.

Deixando os outros motivos que fecham uma empresa de lado, vou considerar apenas o da gastança exagerada. Conheci muitos empresários que tinham o mesmo pensamento do tal garimpeiro. Começaram com suas empresas pequenas e cresceram, chegando a construir grandes patrimônios. Paralelamente, os filhos também cresceram, geralmente em torno de seis a oito por família. Depois de adultos todos passaram a fazer parte da diretoria da empresa, mas alguns sem perfil empreendedor. Como foram acostumados a gastar desde a fase de estudante, deram continuidade à gastança como empresários amadores.

Vejo hoje muitos ex-sucessores, que tiveram um império nas mãos, vivendo de subempregos e bicos, porque nem se qualificaram para assumir bons cargos como empregados de outras empresas. Por outro lado, conheço também empresas familiares de sucesso que já estão na segunda geração e algumas passando para a terceira. O segredo disso? Nem todos da família exercem cargos de diretoria na empresa, só quem tem perfil para o negócio. E também se capacitaram como empreendedores, fazendo gestão de forma planejada e competente.

Muitas empresas familiares são inchadas de parentes e aderentes despreparados, sem perfil para o negócio, com cargos de liderança, executando pouco e ganhando/gastando muito, em detrimento de funcionários competentes que produzem abaixo da capacidade por se sentirem desvalorizados e desmotivados. E os gestores amadores ainda acham que são insubstituíveis, porque não conseguem perceber que uma das características do empreendedor de sucesso é se cercar de pessoas competentes, dando-lhes ferramentas e condições para executarem bem suas atividades, não permitindo que a empresa feche suas portas precocemente.

 

Recife, 12/12/2011

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