Por: Antônio Braga
Quando as empresas necessitam dos serviços de um consultor, geralmente se ouve dos gestores que as coisas não estão indo bem por causa do comportamento dos funcionários, comprometendo o desempenho da organização. Muitos líderes acham que para reverter a situação é fundamental mudar a cabeça dos colaboradores, tarefa que o consultor deve executar muito bem. Será que basta mudar apenas a cabeça dos funcionários? E a cabeça demuitos líderes, não deve ser mudada também? O consultor tem esse poder?
No capítulo 3 do livro “Execução: A disciplina para atingir resultados”, os autores Larry Bossidy e Ram Charan citam sete comportamentos essenciais de um líder que está encarregado da tarefa de executar. Em rápidas palavras, eles comentam o seguinte:
CONHEÇA SEU PESSOAL E SUA EMPRESA: Os líderes têm de viver suas empresas. Em empresas que não executam, os líderes, em geral, não têm contato com a realidade do dia a dia. Eles recebem muita informação dos seus subordinados diretos, mas filtradas de acordo com suas próprias percepções e limitações. Os líderes não estão onde a ação está, não estando envolvido com a empresa, e por isso não conhecem sua organização de forma abrangente, assim como seu pessoal não a conhece de verdade.
INSISTA NO REALISMO: O realismo é o cerne da execução, mas muitas organizações estão repletas de pessoas que estão tentando evitá-lo ou encobri-lo. Elas querem esconder erros ou ganhar tempo para descobrir uma solução. Quando se pede para os líderes descreverem os pontos fortes e fracos de suas empresas, geralmente descrevem os pontos fortes muito bem, mas não são tão bons para identificar os pontos fracos.
ESTABELEÇA METAS E PRIORIDADES CLARAS: Um líder que diz que tem muitas prioridades não sabe o que está falando, pois ele não sabe quais são as coisas mais importantes. O líder deve ter poucas metas e prioridades realistas que influenciam o desempenho geral da organização. Elas devem ser claras e transmitidas com simplicidade, de modo que todos possam entendê-las.
CONCLUA O QUE FOI PLANEJADO: Metas claras e simples não significam muito se ninguém as levar a sério. A falha em dar continuidade às ações é geral e a principal causa da má execução.
RECOMPENSE QUEM FAZ: Se você quer que as pessoas produzam resultados, precisa recompensá-las à altura. Mas muitos líderes não fazem distinção entre os funcionários que atingem resultados e aqueles que não atingem. Os líderes precisam de confiança para explicar para um subordinado direto por que ele obteve uma recompensa menor do que esperava.
AMPLIE AS HABILIDADES DAS PESSOAS PELA ORIENTAÇÃO: O líder adquiriu muito conhecimento e experiência ao longo do caminho. Uma das partes mais importantes do seu trabalho é passá-los para a próxima geração de líderes. Agindo assim, o líder amplia as habilidades de todos na organização, individual e coletivamente.
CONHEÇA A SI PRÓPRIO: Todos concordam da boca para fora com a ideia de que liderar uma organização requer força de caráter. Na execução, é absolutamente fundamental. A firmeza emocional é uma característica importantíssima do líder que executa, capaz de descobrir-se a si próprio. Bons líderes aprendem quais são seus pontos fortes e fracos, principalmente no que diz respeito a lidar com pessoas. Com isso, melhoram ainda mais os pontos fortes e corrigem os fracos.
Gosto muito da citação de Peter Drucker: “Toda empresa é o retrato do seu líder”. Ralph Waldo Emerson também disse: “Toda empresa é a sombra ampliada de uma pessoa”. Portanto, antes de querer apenas mudar a cabeça dos funcionários, é fundamental que muitos líderes tenham a consciência de que precisam mudar também. Mas, para isso, é preciso que estejam sempre com suas mentes abertas para o novo, pois de nada vai adiantar a mudança para o subordinado se o gestor continuar preso ao passado.
Todos esses princípios citados pelos autores são importantes para o líder, mas dois deles merecem atenção especial: “Conheça seu pessoal e sua empresa” e “conheça a si próprio”. O desempenho de qualquer empresa depende, antes de tudo, do comportamento das pessoas. E as pessoas que fazem uma organização não são apenas os funcionários, mas toda a equipe, da qual o líder faz parte, sendo a peça principal.
Portanto, é fundamental que haja um bom relacionamento entre líderes e liderados para que os líderes tenham a oportunidade de conhecer a realidade dos colaboradores e da empresa, e vice-versa. Os líderes que são capazes de ouvir os subordinados, conscientes de que não são os donos da verdade, aprendem bastante com eles, passando a ter conhecimento dos erros e acertos de todos os processos da empresa, agindo com mais rapidez na solução das falhas, além de aprimorar o que há de positivo. Mas para isso, é preciso humildade e controle emocional.
Recife, 05/03/2012